Paulo Reis Mourão, docente de Economia na Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, especialista em Economia Regional, com obra publicada sobre esta temática, foi ao Auditório da Escola-sede do Agrupamento de Escolas de Santa Marta de Penaguião, a 13 de março, oferecer um roteiro do que designa como Economia do Esquecimento e desafiou os alunos do 3º ciclo, presentes nesta conferência-debate, organizada pela disciplina de EMRC, a interrogarem-se sobre as causas da desertificação do interior transmontano e a contribuírem para a inversão deste estado de coisas e apostarem na sua região.

A ideia de que quer os poderes públicos quer a iniciativa privada deveriam contemplar todo o território nacional como espaço de investimento económico-financeiro (no sentido de, assim, evidenciarem conceber uma comunidade a que pertencem, e à qual se encontram ligados, por inteiro); a noção de que as infraestruturas mudaram para melhor, nos últimos 20 anos, e que é, hoje, possível apostar e investir no Interior, ao contrário do que alguns empreendedores – que mantém, na sua forma mentis, o desenho rodoviário de há décadas -, porventura, crerão; a referência à disponibilização de apoios, incentivos, bolsas que municípios oferecem aos cidadãos que neles habitam mas que alguns destes não conhecem e que, por isso, a eles não recorrem e, por consequência, não melhoram/ou alavancam, possivelmente, as suas vidas (apanhar o elevador social também propiciado por tais estímulos), em função, também, desse ignorar da realidade da polis; a sublinhada ausência, em sucessivos governos, de políticos que sejam oriundos das regiões mais esquecidas de Portugal foram alguns dos elementos relevados, em uma discussão, na qual, com especial pertinência, intervieram alunas como Vitória Pinto ou Bruna Sequeira – e na qual foi destacado e sublinhado o modo como um antigo aluno desta Escola, João Gonçalves, engenheiro informático, hoje se devota à terra de origem, uma das localidades do concelho de Santa Marta de Penaguião, presidindo à direção da Associação Desportiva e Cultural de Paradela do Monte, em exemplo que pode, desejavelmente, ser multiplicado -, aludiu-se à imagem de casas abandonadas, da natureza descontrolada (fruto, também, da perda populacional ou redução da densidade populacional, situação ancorada, ainda, na redução da taxa de natalidade e do tempo de permanência das pessoas que acodem a tais regiões), ao preconceito a que se votam regiões enquanto meras áreas de serviço e pontos de passagem e ao facto de o esquecimento de hoje tornar mais fácil o esquecimento de amanhã (mesmo que os locais esquecidos não deixem de se lembrar de quem os negligenciou ou desprezou; esquecimento que pode levar, adicionalmente, à deterioração de Investimentos e Ativos), notou-se que as regiões esquecidas pagam impostos como as demais (que são mais facilmente alvitradas) e que a organização ocasional de eventos não chega para travar o despovoamento e desertificação do Interior do país (por exemplo, há várias regiões que não recebem empregos públicos, dada a concentração dos mesmos, desde logo, ao nível ministerial, na capital portuguesa). A promoção de uma fiscalidade amiga do Interior, a diversificação e diferenciação positivas, os apoios à natalidade e à criação de empregos nestas regiões foram tópicos abordados ao longos dos 90 minutos desta sessão de esclarecimento.  

O professor

Pedro Miranda

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